Conto: As aventura do Texugo - A doninha verde
Para minha filha amada.
Naquela manhã, o Texugo havia recebido a visita de uma velha amiga, a Doninha. O café da manhã foi fartamente servido, o Texugo não poupa esforços para receber convidados. Ambas comeram e conversaram sobre as novidades. Decidiram que sairiam para visitar um velho amigo que a muito não viam, a lebre.
O Texugo deu uma boa olha no espelho, cheirou seu próprio pelo e achou muito cavalheiro tomar um bom banho para não perturbar os amigos com odor de madeira velha e tampa de iogurte que exala de si próprio.
Pediu licença à Doninha e foi ao banheiro, onde tirou sua roupa e usou todos os tubos de xampu que lá havia, queria garantir que estaria limpo e cheiroso. Bem, era disso que ele tentava se convencer, mas, na verdade, ele adorava a textura da espuma, a maciez e todos os penteados que fazia em sim mesmo com a espuma. Certa vez, usou tanto xampu que foi necessário chamar todos os sapos do lago para ajudar a pular nas bolhas que se espalhavam pela casa, mas essa é outra história.
O Texugo estava renovado quando terminou seu longo banho. Durante todo esse tempo, a Doninha esteve sozinha perambulando pela casa do Texugo, cansada de esperar, começou a ter ideias. Não disse que eram boas ideias! Mas eram ideias, decidiu pregar uma peça no Texugo. Antes dele desligar o chuveiro, sorrateiramente a Doninha foi ao banheiro e levou todas as roupas do texugo, pegou a chave do lado de dentro e trancou a porta por fora, de modo que o Texugo agora estava preso.
Depois de secar lentamente seus pelos, procurou suas roupas, mas não as encontrou. Tentou sair do banheiro para ir até o quarto buscar outras roupas, mas não conseguiu. A porta estava trancada.
Ele gritou, bateu na porta, tentou derrubar a porta, passou até um bilhete escrito com espuma de banho no papel higiênico (essa ideia não deu muito certo!), mas nada conseguia atrair a atenção da Doninha, que se mantinha bem aconchegada na poltrona da sala lendo um livro sem muita atenção.
Havia chegado um momento decisivo para o Texugo, ele poderia sentar-se esperar até a boa vontade da convidada ou poderia tomar uma atitude drástica, descer sem roupas pela janela do banheiro até o jardim, dar a volta da casa entrar pelas portas do fundo. Claro, que nosso bom anfitrião escolheu a segunda opção. Amarrou as toalhas juntas, depois as prendeu no móvel da pia e, cuidadosamente, começou a descer. Enquanto estava concentrado a não se espatifar no chão, ouviu a risada da Doninha, quando se virou viu que ela estava o fotografando. Ó que constrangedor, o Texugo pelado pendurado em toalhas, fugindo de seu próprio banheiro!
Mal seus pés encostaram no chão, o Texugo saiu correndo para a porta dos fundos, encontrou suas roupas e as vestiu. Apesar da Doninha ter se deleitado durante todo o dia com sua artimanha, o Texugo estava determinado a não ter nenhum ato vingativo, se a convidada se livrasse das fotos. A Doninha se recusou e foi nesse momento que o anfitrião começou a ter ideias. Más ideias, mas necessárias!
Sabendo que sua convidada dormia como uma pedra, colocaria seu plano em prática a meia noite. Furtivamente, saiu de sua cama, levando uma tesoura e tinta para cabelo na cor verde. O Texugo cortou os pelos da Doninhas rentes à cabeça e em seguida pintou a cabeça da espertinha. Seu plano ainda não estava concluído, faltava o principal: tirou muitas fotos, aproveitou que a convidada fazia estranhas caretas e não economizou nos cliques.
O dia amanheceu lindo, o cheiro de orvalho era delicioso, os raios de sol invadiam as janelas, um novo dia com toda sua potência se iniciava. O Texugo foi cedo para a cozinha preparar um apetitoso café da manhã, a Doninha foi acordada pelo convidativo cheiro de café. Após uma boa espreguiçada, foi direto à cozinha, sentou com o amigo, conversaram e comeram, uma manhã tranquila entre amigos. Então, o Texugo disse que gostaria de mostrar algo à amiga e passou um envelope. Após abri-lo, a Doninha não entendeu prontamente, achou todas as fotos engraçadas, o amigo riu junto com ela. Até que... ela se deu conta que era ela mesma a quem estava vendo.
Um grito ecoou por toda a floresta, o medroso rato que corajosamente havia saído de sua toca para buscar algo para comer, ouviu o som pavoroso e entrou novamente em sua casa, determinado a nunca mais sair a menos que estivesse com muita fome, mas essa é outra história.
A Doninha correu para se olhar no espelho, mal pode acreditar no que seus olhos viam. Seu lindo pelo cortado e verde. Enfurecida, começou a brigar com o Texugo, que calmamente se ofereceu para lavar toda tinta da cabeça da amiga, se ela concordasse em lhe dar as constrangedoras fotos em que estava pendurado pelado para fora de sua casa. A Doninha prontamente concordou.
Agora, de cabeça limpa a Doninha ressentia-se de ver o pelo curto na cabeça, o Texugo então ofereceu um chapéu que o adornou com uma flor do campo. Os amigos destruíram as fotos e ambos concordaram em não fazerem brincadeiras em que custasse a alegria de um em detrimento da tristeza do outro. Não levou nenhuma semana para que o Texugo e a Doninha estivesse juntos pensando em alguma brincadeira para fazer com a Lebre. Pobre Lebre!
Este texto passará por novas revisões.
Salve Maria Santíssima!


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